Num contexto de incerteza económica e financeira, as taxas mistas surgem como a opção preferencial das famílias portuguesas na contratação de crédito à habitação. Esta modalidade, que combina uma taxa fixa inicial com uma taxa variável posterior, proporciona prestações mais estáveis e acessíveis no curto prazo, favorecendo a gestão do orçamento familiar.

Atualmente, cerca de 70% dos novos contratos de crédito à habitação são efetuados com taxa mista, refletindo uma maior sensibilidade das famílias à volatilidade das taxas de juro e à evolução dos mercados financeiros. De acordo com os dados do Banco de Portugal, em fevereiro de 2025, a taxa média aplicada nos novos contratos com taxa mista foi de 2,95%, inferior à verificada nas modalidades com taxa variável (3,45%) e taxa fixa (3,60%).

Segundo Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/crédito habitação em Portugal, a escolha por uma taxa mista "permite beneficiar de estabilidade a um custo inferior, face à incerteza dos indexantes variáveis". Esta vantagem tem sido determinante para o aumento das renegociações contratuais, prática que se tornou cada vez mais recorrente.

As famílias estão, de forma crescente, a rever os seus contratos para garantir maior previsibilidade nas suas prestações mensais, muitas vezes prolongando o período de taxa fixa antes da transição para a taxa variável indexada à Euribor.

Tiago Vilaça, presidente da Associação Nacional dos Intermediários de Crédito Autorizados (ANICA), salienta que "as renegociações deixaram de ser excecionais, tornando-se uma prática comum", sobretudo com os bancos a demonstrarem maior abertura para rever contratos, perante uma crescente concorrência e intenção de retenção de clientes.

Nos últimos meses, o volume de renegociações tem rondado os 500 milhões de euros mensais, podendo aumentar nos próximos tempos, impulsionado pela instabilidade geopolítica e pela crescente procura de soluções que garantam previsibilidade no curto prazo.

Embora se preveja uma estabilização ou até uma ligeira descida das taxas Euribor até ao final do ano, o impacto nas taxas mistas deverá ser limitado, mantendo-se estas como uma opção equilibrada para quem procura segurança financeira sem se expor às flutuações de mercado.

 

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