A habitação acessível está a tornar-se um dos maiores desafios sociais e económicos da Europa, com impacto direto no acesso à primeira casa, sobretudo entre os mais jovens. O tema foi sublinhado recentemente tanto por António Costa, presidente do Conselho Europeu, como por Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que alertaram para a urgência de medidas concretas.

No Fórum Social do Porto 2025, António Costa destacou que o problema “é um dos desafios mais urgentes nos Estados-membros” e anunciou que a habitação estará em discussão no Conselho Europeu já em outubro. Para o responsável, não é possível garantir “trabalho digno nem qualidade de vida sem acesso justo à habitação”, lembrando que esta crise ameaça a coesão social e alimenta fenómenos populistas.

Também Christine Lagarde, em entrevista à rádio dinamarquesa DR, reforçou a dimensão europeia do problema, sublinhando que este resulta sobretudo de “um desequilíbrio estrutural entre procura e oferta”, agravado pela falta de construção e de habitação pública. Para a presidente do BCE, não é correto atribuir a escalada dos preços apenas à subida das taxas de juro, defendendo antes que cabe aos governos nacionais implementar políticas que reforcem a oferta.

A Comissão Europeia prepara, ainda este ano, o primeiro plano europeu para a habitação acessível, iniciativa já antecipada por Ursula von der Leyen. Com milhões de famílias a gastar grande parte do rendimento em custos habitacionais, o tema assume-se como central na agenda política europeia. Tanto Costa como Lagarde concordam que só com mais construção, políticas públicas eficazes e envolvimento das novas gerações será possível dar resposta a esta crise.